O deus do anjo
Um deus foi criado. Monstro concebido. Portador de todas as qualidades.
Um anjo por ele esperava e foi o próprio anjo quem o criou, pelo desejo e pela força, por acreditar que não era impossível.
E deus foi feito à sua imagem e semelhança e o anjo o amou como a si mesmo.
E foi o amor mais puro que o anjo já sentiu.
Só porque ele queria e assim aconteceu.
O anjo então provou do doce sabor da felicidade suprema, traduzida em mãos, lábios, cheiro, gosto e gozo.Tudo real.
Mas deuses idealizados não resistem por muito tempo e o seu sucumbiu pela vaidade, que não foi pressentida pelo anjo...
E o anjo provou da dor e do sofrimento. E cresceu. Ele sabe que os deuses revelam-se nas guerras e o seu foi revelado sem máscaras, a fórceps, pelo próprio anjo, desconfiado da perfeição da sua obra.
Um punhal cravado não somente nas asas do anjo, mas em seus sonhos mais puros.
Ilusão consentida.
E como numa maldição, a criatura foi sacrificada pelo criador.
Seu deus é agora humano e só, como sempre foi antes e sempre.
Para o anjo sem asas, resta a certeza de que amou e foi amado, intensamente e do jeito mais bonito que já existiu. E esta certeza faz com que o anjo seja feliz só pela lembrança do que viveu.
Seu deus foi sagrado e assim o será, para sempre.
[Dulce Miller]
imagem daqui

Lindo texto. Palavras suaves. Conceitos profundos.
ResponderExcluirAdorei te conhecer!
Muito obrigada Wal, seja sempre bem-vinda :)
ExcluirBelo texto! Uma concepção inovadora!
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