Existe fórmula para o amor eterno?

11:17 Dulce Miller 10 Comments

Os avanços da genética e das técnicas para mapear o cérebro ajudam a explicar por que certas paixões duram e outras não.

 

O segredo da paixão eterna é a ativação de um circuito na área tegmentar ventral, uma região do mesencéfalo, no meio da cabeça. Certo, não soa nem um pouco romântico, mas essa descoberta de cientistas de duas universidades americanas, noticiada na semana passada, pode ajudar a entender por que alguns relacionamentos duram tanto e outros tão pouco. A área tegmentar ventral é acionada quando algo nos dá prazer. Os pesquisadores das universidades Rutgers e Stony Brook, nos Estados Unidos, detectaram em imagens computadorizadas um pequeno ponto de luz, indicador desse circuito cerebral em atividade, nas pessoas que têm relacionamentos estáveis há pelo menos duas décadas. Pode ser a prova de que não é uma ilusão a paixão que permanece tão intensa quanto no primeiro dia.

“O contexto do início ajudou muito. Jovens, belos, isolados no Xingu, nadando seminus em rios límpidos. Éramos pura sensação, todos os sentidos aguçados no meio do nada, longe da cidade e do barulho. A química foi perfeita, o desejo irrefreável, aquela coisa que sai faísca. Mas o melhor é dizer que até hoje somos assim. Respeitamos a individualidade do outro, mas sentimos muita saudade quando um trabalho nos separa. Trocamos e-mails, pegamos avião para passar um tempo mínimo com o outro. O Ri é muito generoso, o tipo de homem doador. Cada reação dele diante de coisas grandes ou pequenas é coerente, é bonita. E temos muito tesão, sem o qual nada pode seguir adiante”

 

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Bruna Lombardi, 56 anos, e Carlos Alberto Riccelli, 61 anos, estão juntos desde 1978. Conheceram-se gravando Aritana, novela sobre uma índia do Xingu

 

 

 

“É difícil falar do que mais gosto em uma mulher tão linda como a que eu tenho. Dá para dizer ‘tudo’? Na primeira vez que bati o olho, pensei, impressionado, o que qualquer homem pensaria em relação a ela. Adoro os olhos, a boca, as pernas, os pés, o jeito como ela se mexe. A lista é enorme! Mas o melhor é que não é só isso. Atrás daquilo tudo havia uma mulher inteligentíssima, brilhante, apaixonada pela vida. O começo é importante, mas para que dê certo as pessoas precisam querer continuar acertando. Não existe um segredo. As pessoas são diferentes e a interação delas também. O Universo conspira, mas precisamos fazer a nossa parte”

Casais de longa data que se dizem tão apaixonados quanto no primeiro encontro não estariam, portanto, se iludindo, como apregoam os céticos e os de coração calejado – ou cérebro desligado. Os pesquisadores compararam o cérebro de 17 homens e mulheres que relatavam sentir uma paixão intensa pelos companheiros de décadas com os de namorados há menos de um ano juntos. Um equipamento de ressonância magnética mostrou que, ao verem fotos do parceiro, os cérebros dos apaixonados veteranos reagiram da mesma maneira que os dos namorados recentes: a tal “área tegmentar ventral” foi ativada.

“Nós ainda não temos certeza quanto aos fatores que fazem a paixão durar tanto tempo em alguns casais”, diz o psicólogo Arthur Aron, um dos coordenadores do estudo. Mas há suspeitas de que esses motivos sejam mais uma questão de “quem” em vez de “o quê”. “É preciso escolher a pessoa certa para que a paixão seja duradoura”, diz a antropóloga Helen Fisher, outra coautora do estudo e uma das mais respeitadas especialistas nas transformações cerebrais causadas pela paixão (leia a entrevista).

Os avanços da ciência nos últimos anos podem ajudar na busca pelo parceiro ideal? Ao que tudo indica, sim. As técnicas de mapeamento do cérebro já conseguem mostrar o que acontece com ele quando estamos apaixonados. E a genética está ajudando a explicar por que nos sentimos atraídos por determinadas pessoas e por que outras que teriam tudo para nos atrair se tornarão, no máximo, bons amigos. Já são vendidos testes genéticos com a promessa de unir casais que teriam literalmente nascido um para o outro. Pode ser um pouco precipitado, considerando o estágio atual das pesquisas. Mas até que ponto a ciência pode determinar por quem nos apaixonamos? Os sintomas clássicos do surgimento da paixão – o frio no estômago e as mãos suando – poderiam ser trocados por um impessoal exame de laboratório?

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“Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.”

[Carlos Drummond de Andrade]

Fonte de inspiração: Revista Época

10 comentários:

  1. A ciência explicando tudo o.O
    Até que ponto de evolução chegamos... Incrível, né

    Beijos, Du
    Bom fds

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  2. Anônimo11:57

    "Os sintomas clássicos do surgimento da paixão – o frio no estômago e as mãos suando – poderiam ser trocados por um impessoal exame de laboratório?"

    Nãoooo! Não existe melhor sensação do que o frio no estômago quando estamos apaixonados! rs.

    Bom Domingooo!

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  3. Acho que não Du, não mesmo, rs.
    Um post muito interessante, que valeu muito a pena ler, pode ter certeza.
    Um beijo carinhoso, uma boa tarde de domingo para você,
    Cris

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  4. Ah..não mesmo..o amor é bem complexo..pode ate ser que consigam desvendar milhoes de coisas..mas o sentir é nosso.
    Beijos

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  5. Anônimo18:17

    O amor é algo meio que paradoxal. Como eu e o amor são coisas incompatíveis, é complicado para eu dizer que ele existe. Eu ainda o estopu procurando...

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  6. Tô passando principalmente pra pedir desculpas...
    Sumi do mundo blogueiro, mas estou voltando!
    Adorei voltar aqui!

    Lindo texto de Drummond, diz tanto em tão pouco...

    Bjos!

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  7. Oi Du, q legal q vc gostou da trilha sonora do meu blog \o/
    Eu agradeço a sugestão, não fiquei brava não..
    Eu tb acho q o tocador está feinho.. só não mudei pq não sei como mudar, só conheço o bodongo o.O Como que vc faz pro seu tocador ficar combinando com o seu blog?

    Beijos

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  8. Que bom que não estou em meu sonho de amor eterno.
    Sempre estou afirmando que amo meu marido como se fosse o primeiro dia que o conheci.
    Valeu ler toda a matéria.
    Talves a receita seja paciência, perseverança, humildade, perdão, comunhão, cumplicidade, respeito e muito muito amor. Eu creio,

    beijos e beijos!

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  9. Anônimo19:47

    ai,ai,ai,ai (suspiros!)
    Como queria um amor assim!
    Que ficasse velhinha e ainda olhasse pro meu marido e visse nele o amor que de incio senti e que ainda lá estava...

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  10. Como comentar tudo isso? Nossa, tem um filme na minha mente aqui e como interpretar aqui num simples comentário? Du, você não pode fazer isso. rs
    Bem, acho que a paixão, o amor é cumplicidade e quando você encontra aquele fragmento perfeito no universo é só deixar acontecer e se dedicar a isso porque sem dúvida alguma, amor é cuidado, dedicação, é detalhe, pequenas coisas... Parece simples, não é? Adorei o post. Beijos

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